O Satélite e as comunicações entre Terra e Lua

Terra e Lua

A mesma tecnologia de rede que nos mantém conectados na Terra poderá em breve ser usada pelos astronautas para se comunicarem da superfície lunar com nosso planeta. A exploração lunar e as comunicações entre Terra e Lua têm sido temas de interesse de vários países, seja por parte das agências espaciais, seja de empresas privadas. Mas esse tipo de comunicação traz desafios que precisam ser superados para se garantir uma conectividade confiável e eficiente. E a tecnologia satélite tem um papel fundamental nisso.

Entre os desafios que a Lua apresenta está a sua grande distância com a Terra. Ela gera latências significativas, exigindo abordagens que superem os atrasos nas comunicações. Além disso, o ambiente com condições adversas, como temperaturas extremas e poeira lunar, dificultam o funcionamento de equipamentos de comunicação. Sem contar as interferências eletromagnéticas na transmissão de sinais.

Mas existem soluções que já têm sido testadas em inúmeros programas espaciais. A comunicação óptica a laser, que envolve o uso de feixes de luz para transmitir informações entre dois ou mais satélites, evita que a comunicação tenha que passar por uma estação no solo, proporcionando uma menor latência de comunicação fim a fim. Oferece, assim, taxas de transferência de dados muito superiores às comunicações tradicionais por rádio. Projetos como o Lunar Laser Communication Demonstration (LLCD), da NASA, tem realizado experiências nessa área.

Comunicação Terra-Lua: soluções aos desafios

Outra possibilidade são as redes de satélites lunares. O projeto Moonlight da Agência Espacial Européia – ESA – propõe a criação de uma constelação de satélites para estabelecer uma infraestrutura de comunicação robusta. Essa rede visa proporcionar uma cobertura global e estável em todo o ambiente lunar.

O desenvolvimento de tecnologias de transmissão que consomem menos energia são essenciais para operar de forma eficaz em ambientes com recursos limitados, como a Lua. Assim, projetos como o Lunar Reconnaissance Orbiter, espaçonave robótica da NASA, implementam sistemas de comunicação eficientes em termos de energia para enfrentar esse desafio.

Antena direcional com sistema de alta potência é outro recurso que ajuda a superar a grande distância entre Lua e Terra. Essas antenas amplificam os sinais de comunicação na direção de transmissão, minimizado a perda de sinal e melhorando a eficiência.

Além disso, a compressão de dados avançada, pode ser usada para auxiliar na redução da carga de dados transmitidos, melhorando a eficiência da comunicação. Seja qual for o objetivo final, para se alcançar uma presença permanente e sustentável na Lua, são necessários serviços de navegação e comunicações lunares confiáveis e autônomos.

UIT e as comunicações lunares

A medida que projetos nessa área avançam e o número de países com ambições de operar redes de comunicações na Lua e em outros corpos celestes aumenta, será necessário uma coordenação e regulação para garantir acesso justo a todos os utilizadores. A UIT já se prepara para estabelecer as primeiras definições para comunicações lunares. A WRC-23 aprovou um item de agenda (AI 1.15) para a WRC-27 (RESOLUÇÃO COM6/4 (WRC-23)) para a realização de estudos sobre questões relacionadas com frequências, incluindo possíveis atribuições de serviços de investigação espacial novos ou modificados (espaço-espaço), para o desenvolvimento futuro de comunicações na superfície lunar e entre a órbita lunar e a superfície lunar.