No início do mês, a Airbus revelou que foi selecionada para liderar o projeto PERIOD (PERASPERA In-Orbit Demonstration), que tem como principal foco a construção de equipamentos espaciais em órbita. Inicialmente, o projeto pretende viabilizar a fabricação de componentes menores, para que posteriormente se possa avançar para a construção de satélites inteiros, por exemplo.
A iniciativa retoma uma nova faceta para o mercado de satélites que pode vir a ser explorada em um futuro próximo. Atualmente, além de serem projetados considerando seu funcionamento em órbita, os satélites precisam ser construídos levando em conta o lançamento, que sujeita os equipamentos a forças e vibrações intensas. Além dos custos maiores advindos desta etapa, o tamanho das cargas também é limitado pois não podem ser maiores que o foguete lançador e nem tão pesadas que atrapalhem o voo. A construção no espaço elimina completamente a etapa do lançamento e, consequentemente, estes problemas.
Focando apenas nas suas funcionalidades quando já em órbita, os satélites construídos diretamente no espaço poderão ser maiores, mais capazes e mais baratos que os atualmente utilizados pela humanidade, podendo superar cada vez mais as novas e crescentes expectativas de cientistas e pesquisadores. A ideia para este tipo de construção é aliar a tecnologia de impressão 3D com a robótica para realizar, respectivamente, a fabricação de peças e a montagem do satélite. É assim o funcionamento do Archinaut, da empresa Made In Space em parceria com a Northrop Grumman e a Oceaneering Space Systems, que também pretendem viabilizar a construção de equipamentos espaciais em órbita no futuro.
A possibilidade de construção no espaço vem chamando a atenção de vários empreendedores que procuram ingressar no ramo, com empresas ainda em fase de desenvolvimento ou de adaptação mas com ideias bem definidas. É o caso da Orbital Assembly, Tethers Unlimited, United Space Structures, Relativity Space e outras, que têm intenções de construir os mais diversos tipos de equipamentos a serem utilizados em missões espaciais, como satélites, foguetes e até moradias.
O assunto é vasto porque a fabricação de materiais em órbita não se limita a beneficiar ferramentas que podem ser utilizadas apenas no espaço, mas também aquelas cuja aplicabilidade se encontra na Terra, o que aumenta ainda mais a lista de empresas interessadas no segmento. A ausência de gravidade experimentada em órbita, que é o maior atrativo em casos deste tipo, também é interessante para a construção de satélites, pois permite a montagem de equipamentos pesados e maiores que não se sustentariam na gravidade terrestre.
Fica ainda mais claro que a construção no espaço não só permitirá que mais satélites sejam colocados em funcionamento, e a um custo menor, como que também permitirá um avanço tecnológico jamais possível de se alcançar no planeta Terra.