Os serviços em nuvem via satélite vêm crescendo em todo o mundo. Seja no uso de serviços gerenciados para satcom ou nos aplicativos de big data para análises geoespaciais, há uma revolução de TI em andamento no setor de satélites, auxiliada por recentes avanços tecnológicos.
Segundo o “Relatório de Computação em Nuvem via Satélite”, da consultoria NSR (Northern Sky Research), a computação em nuvem via satélite deve gerar 52 exabytes de tráfego até 2029, com participantes da indústria espacial e de satélites contribuindo com receita acumulada de US$ 16 bilhões de 2019-2029.
Mas por que esse movimento está acontecendo? De acordo com a União Internacional de Telecomunicações, as órbitas não geoestacionárias de satélites (NGSOs), como as órbitas médias (MEO) e as órbitas baixas (LEO), são cada vez mais utilizadas em todo o mundo. Com os lançamentos espaciais se tornando mais baratos e acessíveis, várias empresas privadas estão começando a contar com essa nova gama de satélites para permitir que seus clientes controlem suas comunicações via satélite, processem dados e escalem operações sem ter que construir ou gerenciar sua própria infraestrutura de estação terrestre.
Operadoras como Intelsat, SES, Inmarsat e Viasat já anunciaram parcerias com a Microsoft para conectar clientes remotos diretamente à sua rede de nuvem Azure de data centers conectados por fibra. O Azure Orbital é ‘Ground Station as a Service (GSaaS)’, ou seja, uma estação terrestre totalmente gerenciada baseada em nuvem como serviço que permite comunicação com as constelações de satélites, downlink e uplink de dados, processamento de dados na nuvem, entre outras possibilidade. A Microsoft considera que mercados como agricultura, mineração, transporte marítimo e perfuração de petróleo e gás são difíceis de conectar e podem ser alcançados com mais eficiência usando satélites.
Além da Microsoft, a IBM anunciou uma versão beta de seu serviço Cloud Satellite, assim como a Amazon Web Services Inc. (AWS), o braço de computação em nuvem da Amazon. Há cerca de dois anos a Amazon lançou a AWS Ground Station. Em 30 de junho, a AWS disse que estava estabelecendo uma nova unidade espacial chamada Aerospace and Satellite Solutions.
Para o analista da NSR, autor do relatório, Shivaprakash Muruganandham, “a transformação provocada pela adoção da computação em nuvem e da análise de Big Data está apenas começando a impactar o setor de satélites. As nuvens verticais primárias, marítima offshore e cruzeiro de passageiros, juntamente com a Satcom aeronáutica, vão gerar mais de US$ 7 bilhões num período de 10 anos. As aplicações mais recentes, como o uso de satélites para armazenamento em nuvem e recursos de computação, são mercados nascentes com forte crescimento na próxima década.”
O relatório da NSR prevê uma oportunidade de receita cumulativa de US$ 16 bilhões para serviços baseados em nuvem na indústria de satélites/espaço na próxima década. Dos segmentos de mercado estudados, a NSR prevê que a entrega de serviços em nuvem via satcom tem o maior potencial de receita: de quase US$ 200 milhões em 2019 a mais de US$ 1,8 bilhões em 2029. O downlink de dados de observação da Terra forma o próximo maior segmento como uma oportunidade para players do segmento terrestre, enquanto Geospatial Analytics e Orbital Infrastructure são segmentos menores com receitas impulsionadas pelo modelo de negócios e tendências de evolução de tecnologia, respectivamente.