O papel do satélite na preservação dos biomas do planeta

Imagem: NASA


Satélites são a principal tecnologia para monitoramento da Terra. O acompanhamento da situação de extensões territoriais é importante para o Brasil e para o mundo, pois o desmatamento e os incêndios florestais em vários pontos do planeta são motivos de preocupação para todos.

Dados da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, e do Sistema Copernicus, da União Europeia, revelam que os incêndios em Nova Gales do Sul (Austrália), no Ártico Siberiano, na costa oeste dos Estados Unidos e no Pantanal brasileiro têm sido muito significativos.  Detectar mudanças ao longo do tempo, sua dimensão, forma, intensidade e causas é a maneira de avaliar os impactos ambientais e prevenir novas ocorrências.

Prodes, Deter e Proarco

Baseado em imagens de satélites, o monitoramento do desmatamento na Amazônia feito pelo INPE é reconhecido internacionalmente por sua excelência e pioneirismo. Atualmente, o INPE conta com dois sistemas via satélite para monitorar e calcular as áreas de desmatamento na Amazônia Legal: o sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes). Tais sistemas utilizam imagens de satélites internacionais que observam a Terra.

Com 20 anos de existência, o Prodes utiliza imagens de três satélites, o Landsat-8 (da Nasa), o Sentinel-2 (da União Europeia) e o Cbers-4 (do Inpe, em parceria com a China). É considerado o maior programa de acompanhamento de florestas do mundo, por cobrir os 4 milhões de km2 de áreas florestais com frequência anual. Seu resultado mostra a taxa média e a estimativa da extensão do desflorestamento da Amazônia brasileira e tem orientado a formulação de políticas públicas para a região.

O sistema Deter, lançado em 2004,  utiliza imagens do sensor WFI, que está a bordo do satélite Cbers-4. O Deter acompanha em tempo real o desmatamento e a degradação na Amazônia, emitindo diariamente alertas que mostram áreas totalmente desmatadas (corte raso) e áreas em processo de degradação florestal (provocada pela exploração de madeira, mineração, queimadas etc).

Outro importante instrumento utilizado na preservação da floresta é o monitoramento orbital de focos de calorque fornece dados ao Programa de Prevenção e Controle às Queimadas e Incêndios Florestais no Arco de Desflorestamento, conhecido como PROARCO, sob a responsabilidade do Ibama.

Sentinel-6 Michael Freilich

No dia 21 de novembro foi lançado, da Base da Força Aérea de Vandenberg, na Califórnia (EUA), o mais recente e moderno satélite de observação da Terra, o Sentinel-6 Michael Freilich. Resultado da colaboração entre a agência norte-americana, Agência Espacial Europeia (ESA), Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT) e a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), com contribuição da agência espacial francesa CNES, o satélite terá como missão principal coletar dados sobre o nível do mar, com uma precisão de alguns centímetros para mais de 90% dos oceanos do mundo. O objetivo é monitorar como os oceanos estão subindo em resposta às mudanças climáticas.

O Sentinel-6 tem maior resolução para coletar medições, o que significa que ele monitora tanto grandes elementos como a corrente do golfo, como elementos menores, como variações na faixa costeira. Futuramente, o aumento do nível do mar mudará os litorais e aumentará as inundações de marés e tempestades. Para entender melhor como a elevação do mar afetará a humanidade, os pesquisadores precisam de longos registros climáticos — algo que o Sentinel-6 Michael Freilich ajudará a fornecer.

Michael H. Freilich foi um oceanógrafo americano que atuou como diretor da divisão de Ciências da Terra da NASA de 2006-2019. Em janeiro de 2020, a NASA anunciou que a missão Oceanografia Sentinel-6A estava sendo renomeada como Sentinel-6 Michael Freilich em sua homenagem.