28 GHz: a faixa crucial para a implementação dos serviços de banda larga via satélite

O satélite será fundamental para a implementação do 5G em todo o seu potencial. E para que isso se dê é imperativo que o cenário regulatório global, regional e nacional apoie de forma contínua a operação e o crescimento dos serviços de satélites na faixa de 28 GHz, sem restrição. Esse foi o principal ponto da apresentação realizada pela ABRASAT durante o último encontro do Citel, Comissão interamericana de Telecomunicações, realizado de 3 a 7 de dezembro em Brasília, e que é parte do documento que pode ser acessado ao final desta matéria.

“É crucial preservar e expandir os sistemas de satélites na faixa de 28 GHz (27,5 – 29,5 GHz) e considerar outra frequência de onda para os serviços de 5G móvel terrestre, como a faixa de 26 GHz, para permitir o crescimento de ambas as redes”, diz Fábio Alencar, presidente da ABRASAT. “Isso fica especialmente claro quando se considera alguns fatos: a demanda por serviços de satélite já existente na faixa de 28 GHz; o papel crucial dos satélites no ecossistema 5G; o impacto negativo de reorientar o espectro do satélite; e a baixa probabilidade de harmonização global da faixa de 28 GHz para os serviços móveis de 5G terrestre”, completa.

Hoje os sistemas de satélite estão fazendo uso extensivo da faixa de 28 GHz para terminais de gateways para integração de redes. O crescimento da demanda por serviços de satélite tem resultado na produção de centenas de satélites e no investimento de dezenas de bilhões de dólares, já realizados ou a se realizar, em banda Ka, na faixa de 28 GHz. Mudanças súbitas no ambiente regulatório prejudicariam esses investimentos e reduziriam a viabilidade comercial dos serviços de satélite já existentes. Há mais de 140 sistemas de satélites já operando na banda, GSO e NGSO, com sistemas adicionais planejados para o futuro próximo. Em vários casos e por uma variedade de razões, os serviços providos são mais eficientemente entregues por satélite e frequentemente só podem ser entregues por essa tecnologia.

Portanto, qualquer uso do espectro de 28 GHz para 5G a nível nacional impediria o crescimento do setor de satélite e interromperia maiores investimentos de longo prazo relativos a implementação de redes de satélite. A atual e as futuras implementações de satélite na faixa de 28 GHz são as principais razões pelas quais a faixa não foi aceita para ser possível candidata para estudo em outra faixa (WRC-19 A.I.1.13).

Além disso, baseado no uso corrente e futuro, a faixa de 28 GHz não será internacionalmente harmonizada para 5G terrestre e é, por isso, uma opção inadequada no que se refere à economia de escala para equipamentos de 5G.

“Acreditamos que com planejamento apropriado e atenção à estrutura internacional estabelecida pela ITU, os países podem suportar tanto os serviços dos setores de satélite como o terrestre móvel”, avalia Fábio Alencar. “Alocando faixas para os serviços 5G móvel, que devem ser globalmente harmonizados, como a faixa de 26GHz, o ecossistema global 5G poderá operar da maneira mais perfeita possível. Além disso, permitindo que os serviços de satélite avancem sem obstáculos na faixa de 28 GHz, o ecossistema de 5G estará melhor preparado para cumprir os padrões de qualidade de banda larga móvel, comunicações massivas em machine-to-machine e ultra-reliable, low latency”.

A ABRASAT defende que o debate regulatório sobre o uso do espectro pela banda larga 5G móvel deve focar em uma das muitas alternativas de faixas de banda fora dos 28 GHz para desenvolver um ecossistema de 5G que possa atingir todo o seu potencial e entregar o melhor para o usuário. “A faixa de 28 GHz é e continuará sendo uma banda fundamental para suportar a implementação dos serviços de banda larga via satélite para usuários finais nas Américas, independentemente de onde estejam localizados”, conclui Alencar.