Economia espacial deve chegar a US$1,8 trilhão até 2035

Economia espacial

O novo relatório do Fórum Econômico Mundial, “Space: The $1.8 Trillion Opportunity for Global Economic Growth”, desenvolvido em colaboração com a McKinsey & Company, e lançado este mês de abril, reuniu a visão de 60 líderes da indústria espacial e de outras 15 indústrias, além de avaliações de mercado, estimativas do setor público e privado e insights de uma rede global de especialistas, para prever a futura trajetória da tecnologia espacial e como ela impactará outros setores, direta e indiretamente, a partir do rápido desenvolvimento e expansão de capacidades tecnológicas.

A principal conclusão é que a economia espacial deve chegar US$ 1,8 trilhão até 2035, ante US$ 630 bilhões em 2023 e crescendo a uma média de 9% ao ano – bem acima da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, à medida que as tecnologias habilitadas por satélites e foguetes se tornem cada vez mais prevalentes.

As tecnologias habilitadas para o espaço, como os satélites, já impulsionam desde previsões meteorológicas, comunicações; posicionamento, navegação e cronometragem, observação da Terra, comunicações; posicionamento, navegação e cronometragem, e observação da Terra, até os gadgets inteligentes. Mas isso deve avançar ainda mais.

Os impulsionadores

O relatório mostra que existem quatro principais impulsionadores para presença crescente do espaço na vida cotidiana. O primeiro é a redução dos custos de lançamento. O número de satélites lançados por ano cresceu a uma taxa anual cumulativa acima de 50% de 2019 a 2023, enquanto os custos de lançamento caíram 10 vezes nos últimos 20 anos. O preço dos dados – fundamental para a conectividade – também deve cair 10% até 2035, à medida que a demanda aumenta em 60%.

Outro impulsionador importante é a inovação industrial contínua que torna possível fazer ainda mais no espaço com satélites cada vez menores. A observação da Terra, por exemplo, agora permite a identificação de objetos com uma resolução de 15 centímetros.

A diversificação de investimentos e aplicações também é outro importante impulsionador. Um amplo conjunto de investidores mostrou interesse no setor espacial, com investimentos do setor privado alcançando máximas históricas de mais de US$ 70 bilhões em 2021 e 2022. Ao mesmo tempo, as atividades e aplicações habilitadas pelo espaço também estão se tornando mais diversas, com aplicações como turismo espacial tornando-se, cada vez mais, uma possibilidade.

Um quarto impulsionador é a consciência cultural e entusiasmo. Segundo o relatório, a empolgação e o interesse pelos últimos desenvolvimentos espaciais são evidentes em todo o mundo, com líderes governamentais e empresariais considerando cada vez mais o que o espaço poderia possibilitar para o futuro.

Os principais achados

O sumário executivo do relatório resume assim seus principais achados:

– O impacto do espaço irá além do próprio espaço. A participação da economia espacial total capturada por fornecedores de hardware e serviços espaciais estabelecidos diminuirá gradualmente em benefício de atores não tradicionais, como aplicativos de transporte, que nunca teriam alcançado a escala global que têm sem a tecnologia baseada em satélite conectando motoristas e passageiros e fornecendo serviços de navegação.

– O espaço se tornará mais sobre conectar pessoas e mercadorias. Cinco indústrias – cadeia de suprimentos e transporte; alimentos e bebidas; defesa; varejo, bens de consumo e estilo de vida; e comunicações digitais – gerarão mais de 60% do aumento na economia espacial até 2035. Além disso, outras nove indústrias verão as receitas relacionadas ao espaço alcançarem vários bilhões de dólares – criando oportunidades para players tradicionais e não tradicionais.

– O retorno do investimento do espaço será mais do que financeiro. Além da geração de receita, o espaço desempenhará um papel cada vez mais crucial na mitigação de desafios mundiais, que vão desde alertas de desastres e monitoramento do clima até uma resposta humanitária aprimorada e uma prosperidade mais ampla. A colaboração entre agentes públicos e privados será fundamental para garantir que as capacidades espaciais alcancem esse potencial.

– Como a economia espacial continuará a se transformar. Embora as opiniões da indústria difiram quanto ao grau em que as aplicações baseadas e habilitadas por satélite já atingiram um ponto de inflexão, o espaço está prestes a passar por uma grande transformação na próxima década. Os investimentos do setor público em vários países continuam a se expandir, assim como os investimentos do setor privado no espaço continuam impulsionando a inovação e o acesso em áreas como inspeção em órbita, serviços de manutenção e estações espaciais financiadas comercialmente. Além disso, parcerias do setor privado não espacial com players do espaço também estão se expandindo.

Conclusão

O relatório conclui que o espaço já está mudando o mundo como o conhecemos, e tanto os incumbentes quanto os novos entrantes de todos os setores, devem estar preparados para aproveitar seus benefícios econômicos, sociais e geopolíticos à medida que as tecnologias baseadas ou habilitadas pelo espaço se tornam cada vez mais prevalentes na vida cotidiana.

Cada setor pode impulsionar a indústria espacial contribuindo para sua padronização e harmonização, acessibilidade e usabilidade, e conscientização e educação. A colaboração entre as partes interessadas será fundamental.

Compreender esse potencial do espaço possibilitará aos atores da indústria pública e privada posicionarem-se como líderes na economia espacial e acessar seus benefícios de longo prazo. Veja o relatório completo aqui .

Observação

Apesar de haver consenso quanto ao crescimento da economia espacial, a definição de como e quando as receitas anuais totais provenientes de setores diretamente relacionados ao espaço – como satélites, lançadores e aplicações de backbone -, poderiam triplicar dos cerca de US$ 330 milhões atuais é discutível, segundo alguns especialistas. A previsão de US$ 1,8 trilhão seria a projeção da economia espacial total em 2035, enquanto a receita das aplicações do tipo backbone em 2035, seria de US$775 milhões.