Artigo publicado recentemente pela GSOA – Global Satellite Operators Association – chama a atenção para a importância da faixa de 7 GHz a 24 GHz para o setor de satélites e como é vital que esse espectro continue disponível para o setor.
As informações trazidas pelo artigo são baseadas no relatório da consultoria Plum, realizado a pedido daquela Associação. O novo relatório detalha como os satélites que operam entre 7 GHz a 24 GHz são amplamente utilizados para levar banda larga a comunidades não atendidas e carentes, ampliando a inclusão digital e as opções de escolha do usuário final, além de fornecer serviços vitais de segurança e assistência de emergência.
Uma informação importante trazida pelo relatório é que os investimentos em serviços de satélite operando na faixa de frequência de 7 GHz a 24 GHz geraram benefícios econômicos de mais de US$ 555 bilhões. A consultoria diz que o setor deve prover conexão para mais de 500 milhões de pessoas em todo o mundo até 2030.
A Plum estima que as operadoras de satélite fizeram investimentos diretos de US$ 185 bilhões em serviços que operam nas faixas de frequências entre 7 GHz a 24 GHz, e que renderam benefícios indiretos de investimento de US$ 370 bilhões. O relatório observa que o uso de satélites gera benefícios socioeconômicos que valerão mais do que os US$ 18 bilhões gastos anualmente na operação de serviços nessas faixas de espectro.
Vários itens da agenda da WRC-23, que acontecerá em novembro deste ano, visam permitir aplicações adicionais ao serviço fixo por satélite justo nesse espectro de 7 a 24 GHz, como links entre satélites e ESIMs, tanto em banda Ka como em banda Ku, o que demonstra ainda mais que esse espectro está fortemente ocupado: o número de satélites operacionais quadruplicou entre 2017 e 2022.
Um grande número de pequenos satélites (variando de alguns quilos até 600 quilos) estão sendo implantados em órbitas não geoestacionárias (NGSO) para fornecer serviços de comunicação de baixa latência, posicionamento preciso, navegação e tempo. Há também uma demanda crescente por serviços de banda larga via satélite GSO e NGSO confiáveis e com alta taxa de dados (>100 Mbps) para aeronaves, navios, trens, caminhões e ônibus quando estão fora do alcance das redes terrestres. Além disso, os serviços de IoT habilitados para satélite estão sendo usados para oferecer suporte ao rastreamento de ativos em tempo real, monitoramento e vigilância remota.
Os benefícios específicos do satélite no espectro de 7 GHz e 24 GHz
A Plum observa que o uso contínuo do espectros de de 7 GHz e 24 GHz pelo setor satelital trará benefícios socioeconômicos em larga escala, e não há faixas de frequências alternativas que possam suportar as principais aplicações de satélite.
O relatório coloca que ao definir os benefícios que podem ser obtidos com o uso do espectro de 7 GHZ a 24 GHZ, é crucial considerar o contrafactual: ou seja, se o espectro não estivesse disponível para serviços via satélite, esses serviços seriam fornecidos por um meio alternativo ou os usuários dos serviços perderiam? Isso pode ser estendido para considerar o que aconteceria se a quantidade de espectro alocado fosse reduzida – a capacidade seria prejudicada? A qualidade do serviço cairia? Ou o serviço necessariamente teria que cessar?
Para algumas das aplicações, explica o relatório, não poderia haver tecnologia alternativa. Os serviços científicos e meteorológicos requerem serviços espaciais e não podem ser executados por meio de tecnologia terrestre. Além disso, as comunicações marítimas e aeronáuticas seriam severamente limitadas se forçadas a usar o espectro de HF. Os serviços de navegação GPS exigem ubiquidade que só os satélites podem garantir.
Para outras aplicações, apesar de existirem alternativas potenciais, os serviços não são diretamente substituíveis. Exemplos são a radiodifusão terrestre, que não oferece necessariamente a mesma capacidade e qualidade do satélite. A entrega de transmissões (IP ou cabo) por linhas fixas é cara, principalmente em áreas mais remotas.
Os serviços de banda larga são geralmente transportados por redes fixas e móveis. No entanto, existem áreas em que estas redes não estão disponíveis devido ao baixo investimento ou geografias difíceis. Nessas regiões, na ausência de serviços via satélite, é improvável que as redes terrestres invistam para fornecer conectividade. As mesmas considerações podem ser feitas para IoT e redes corporativas.