Celulares comuns conectados via satélite são uma realidade

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Uma corrida para conectar dispositivos como smartphones – até agora utilizados exclusivamente para acesso terrestre – diretamente do espaço, via satélite, tornou-se pública no ano passado com a divulgação de uma série de projetos e parcerias.

O desenvolvimento de um smartphone capaz de estabelecer conexão diretamente via satélite sem dispositivos externos tornou- se a principal tendência do mercado de comunicações móveis no mundo. Mas ainda não se trata de uma transmissão completa de tráfego de áudio e vídeo. Neste momento o foco é o desenvolvimento de sistemas capazes de transmitir mensagens curtas de texto.

Esse avanço nas comunicações por satélite está sendo impulsionado por parcerias entre empresas operadoras de constelações de baixa órbita com fabricantes de chipsets, de celulares e de equipamentos para conectividade. As parcerias já anunciadas utilizarão várias faixas de frequência, como a Banda S na faixa de 2-4 GHz; a Banda L, na faixa entre 1 GHz e 2 GHz, e banda média, na frequência de 2,5 GHz, além de constelações de baixa órbita, na frequência 17,7 a 18,6 GHz e 18,8 a 20,2 GHz. Mas a possibilidade deste tipo de serviço ser oferecido em órbita geoestacionária, já tem sido aventada por algumas operadoras.

O resultado é uma onda de novos smartphones e serviços a serem lançados a partir do segundo semestre de 2023. Um deles, via o sistema operacional Android, permitirá que sejam enviadas e recebidas mensagens de texto, como alertas para serviços de emergência, mesmo quando os aparelhos estiverem em áreas sem cobertura celular. Esse não é um conceito novo. O recurso SOS de emergência via satélite nos aparelhos da Apple já está disponível em seis países: Estados Unidos, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Irlanda. Embora suas mensagens só sejam possíveis entre telefones da própria empresa e enviar uma mensagem possa levar de 15 segundos a 3 minutos.

Ao contrário dos iPhones, os novos dispositivos equipados com chipsets desenvolvidos para a conexão com satélites poderão enviar mensagens de texto padrão via satélite para qualquer pessoa – não apenas para equipes de emergência. Um exemplo é a Huawei que apresentou, em setembro do ano passado, como principal novidade nos seus dois novos smartphones da categoria premiun, o sistema de mensageria satelital global que usa o chipset da Qualcomm.

Celulares via satélite não são novidade

Telefones móveis via satélite já existem desde os anos 1990, mas eram tipicamente direcionados para o uso de operações militares, aviação e navegação em oceanos, em geral com o objetivo de ser uma opção de comunicação para situações de emergência. Usavam aparelhos especializados para comunicação via satélite, que não operavam de forma transparente com as redes celulares terrestres.

Agora, o objetivo é democratizar esse acesso a qualquer pessoa situada em local de baixa ou nenhuma cobertura de redes terrestres. Uma das diferenças em relação às gerações anteriores de aparelhos celulares via satélite está na capacidade do tipo de satélite que esses novos serviços utilizarão, os satélites em órbita baixa da Terra. Satélites mais próximos permitem que aparelhos com menos energia os alcancem. Os aparelhos vão poder se conectar a constelações de satélites de baixa órbita projetadas para alcançar celulares 4G e 5G convencionais fora da cobertura terrestre.

Por ora, os serviços de celular via satélite estão começando apenas com a função de mensagens de texto. O nível de serviço que cada uma dessas empresas será capaz de fornecer dependerá de uma série de fatores. Desde quantos satélites elas são capazes de lançar, quão poderosos são os satélites e a quantidade de espectro a que elas têm acesso. Mas além dos desafios tecnológicos, há também desafios regulatórios para a implementação dessas redes que deverão ser endereçados à medida em que esses serviços forem se consolidando.