Por que se importar com a cibersegurança de satélites?

Quando se pensa em satélites, equipamentos de tecnologia de ponta, complexos a ponto de orbitarem a Terra e, principalmente, muito distantes fisicamente de qualquer ser humano, é difícil imaginar que possam ser alvo de ataques hacker. Ao contrário, pelo senso comum e pelo que vemos no dia a dia, é muito natural pensar que esse tipo de ameaça tem como alvo equipamentos mais comuns, como computadores e celulares. No entando, a realidade tem mostrado que não é bem assim.

Nos últimos anos a preocupação de especialistas com o tema  segurança cibernética de satélites têm aumentado. E vem ganhando tanta importância que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos recentemente fez uma parceria com a DefCon – uma das maiores convenções hacker do mundo – para realizar o Hack-a-Sat, evento no qual hackers éticos são convidados a invadir satélites reais para que vulnerabilidades sejam descobertas e eliminadas. Trata-se de um esforço da Força Espacial dos EUA para lançar um satélite de teste de segurança cibernética em 2023, o projeto “Moonlighte”r. O satélite, do tipo cubesat 3U, é projetado para permitir a análise de vários tópicos de segurança cibernética para sistemas especiais e ajudar no desenvolvimento de sistemas que sejam resilientes à ataques cibernéticos. Será uma plataforma de testes para  modelos que sirvam de aprendizado para a indústria, academia e governos em todo o mundo, sobre práticas de segurança que devem ser consideradas para o desenvolvimento de um veículo espacial.

O que mudou?

Esta mudança de comportamento aconteceu por vários motivos, mas todos estão ligados de maneira geral com a crescente popularidade dos satélites nos últimos anos. Os satélites são parte importante da vida de todos, ainda que fiquem longe no espaço sem chamar a atenção. E suas aplicações para os seres humanos, como navegação, comunicação e desenvolvimento tecnológico têm se expandido e se tornado cada vez mais complexas. Por isso, há crescente interesse de empresas privadas e organizações públicas em lançar seus próprios satélites, e há uma expectativa de que milhares sejam lançados nos próximos anos.

A grande popularidade dos satélites por si só já é suficiente para que recaia sobre eles a atenção de pessoas com más intenções; pessoas que entendem o grande impacto que estes equipamentos espaciais têm na sociedade moderna e que veem uma oportunidade de benefício próprio caso consigam controle de um ou mais satélites. Vale destacar que, tradicionalmente, o segmento era restrito a poucas empresas e instituições. Mas agora, com mais e mais atores participando do mercado de satélites, é natural que a tecnologia se torne conhecida por mais pessoas, inclusive por possíveis hackers.

Outro fator relevante é a chegada de novos serviços como o 5G e a Internet das Coisas – IoT. A expectativa é que a relação de dependência entre humanos e os satélites aumente ainda mais.

O que tem sido feito?

Além de iniciativas como o projeto  Moonlighter, especialistas acreditam que a indústria de satélites tem como evitar ataques cibernéticos, apesar do aumento potencial da quantidade de satélites com a entrada em operação das constelações de baixa órbita (LEO). O especialista Ron Clifton, diz, em matéria publicada no site Via Satellite, que o tipo de modulação e tecnologias de criptografia disponíveis hoje devem ajudar a mitigar esse tipo de risco significativamente.  “Também vale a pena pensar nessas novas constelações de LEO como uma forma de backbone da Internet.  Assim como as redes IP terrestres, as redes LEO terão interrupções de manutenção que irão requerer janelas de manutenção ocasionais para atualizações com acesso backdoor para suporte contínuo e desenvolvimento de aprimoramentos”, diz.

http://interactive.satellitetoday.com/the-growing-risk-of-a-major-satellite-cyber-attack/