Com os avanços tecnológicos chegando em um ritmo acelerado, muito se tem falado sobre cidades inteligentes: espaços urbanos com processos otimizados pelo uso da tecnologia de modo a atender da melhor forma às necessidades das pessoas que lá vivem. Mais do que falar sobre definições e expectativas, é importante também que se ressalte a maneira pela qual cidades assim serão possíveis na prática, e é neste ponto que entram os satélites.
A começar pelo início, a importância do uso de satélites em cidades inteligentes pode ser visto já no período de planejamento, quando as imagens do território visto do espaço trazem informações valiosas para os projetistas. A partir delas, decisões relacionadas a distribuição residencial, gerenciamento de tráfego ou de infraestruturas urbanas no geral serão facilitadas pelo maior número de informações relevantes obtidas em comparação com métodos tradicionais de mapeamento.
Com os satélites também, será possível o monitoramento e detecção de mudanças relevantes no espaço projetado, como a análise da pegada de carbono em tempo real, bem como a própria modelagem da infraestrutura da cidade, algo conhecido como Cidade Digital. O planejamento de espaços urbanos é um processo relativamente recente, com cidades tradicionalmente surgindo de forma orgânica e espontânea, mas não é um erro dizer que já está sendo facilitado e otimizado com o uso dos satélites.
Saindo do planejamento, chegamos à manutenção das cidades inteligentes, parte responsável para que, após o surgimento de centros urbanos deste tipo, seja possível que estes continuem a existir na prática. Da mesma forma, são várias as aplicações de satélites para a otimização destes processos, o que vale não só para as cidades que foram planejadas com a ajuda destes equipamentos, mas também para aquelas que querem se transformar em inteligentes.
Outra questão importante, e que também ainda não está diretamente relacionada com a manutenção dos processos urbanos destes centros, é invulnerabilidade dos satélites a desastres naturais, como terremotos, tsunamis, incêndios, e outros fenômenos que facilmente podem destruir conexões terrestres. Quando se lembra que muitas cidades surgiram perto das costas marítimas, onde há maior incidência de desastres naturais, pode-se perceber claramente como o uso da rede satelital é essencial para espaços em que a conectividade ininterrupta é fundamental.
De modo geral, o papel a ser desempenhado pelos satélites na manutenção de cidades inteligentes tem a ver com a distribuição de dados: de nada adianta a coleta das informações em solo terrestre por equipamentos específicos se as outras máquinas ou as próprias pessoas não tomarem conhecimento delas.
Um exemplo claro disso acontece na cidade de Montpellier, na França, onde sensores instalados em latas de lixo orgânico enviam dados para satélites quando as lixeiras estão cheias ou produzindo muito mau cheiro. Os satélites, por sua vez, repassam a informação aos coletores, que apenas fazem seu trabalho quando necessário, eliminando o tempo que circulam pela cidade a esmo procurando por latas cheias.
Outra situação esperada tem a ver com a otimização do tráfego de veículos na cidade, que deve se beneficiar imensamente não apenas das imagens em tempo real providenciadas pelos satélites, mas também, como já dito, do repasse de informações M2M (machine-to-machine), ou neste caso, de automóveis para automóveis. Com o intenso processo de urbanização mundial já mencionado, a solução para o problema do trânsito se mostra como ponto-chave.
As cidades inteligentes podem ser vistas, a grosso modo, como espaços que funcionam adequadamente e de maneira mais eficiente ao serem regidos por uma espécie de relógio central que organiza todos os processos urbanos. Neste sentido, as novas gerações de satélites de órbita terrestre baixa poderão servir como os grandes conectores que garantem a sincronização dos acontecimentos na cidade, seja em conjunto com conexões terrestres, seja de modo autônomo.