Em evento organizado pela Força Aérea Brasileira no final de abril, o Governo Federal anunciou as quatro empresas privadas selecionadas para realizar lançamentos não governamentais de satélites em Alcântara. O primeiro edital de chamamento público que resultou na seleção das americanas Hyperion, Orion AST e Virgin Orbit, e da canadense C6 Launch foi divulgado em maio de 2020, com foco em lançadores de pequeno porte e instalações já operacionais da base. As empresas agora passam para a fase de negociação contratual junto à Aeronáutica.
A utilização do Centro de Lançamentos de Alcântara por empresas estrangeiras constitui mais um passo rumo à soberania nacional no campo de satélites. Segundo Carlos Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), em entrevista para o Estadão, o objetivo é que o país consiga realizar lançamentos com veículos nacionais próprios. Dessa maneira, o Brasil chegará ao patamar das nações capazes de lançar satélites em órbita, posto ocupado por um grupo pequeno de membros.
Construída há quase 40 anos, a base de Alcântara ainda não realizou nenhum lançamento não governamental, tendo se ocupado recentemente com alguns testes para operações. Com uma posição privilegiada perto da Linha do Equador e do mar e um crescente interesse de empresas privadas na área de satélites, o Centro agora vê uma oportunidade concreta de atingir todo seu potencial. Por meio de investimentos desta natureza no programa espacial brasileiro, o governo espera uma arrecadação de R$44 bilhões anuais a partir de 2040.
O foco para as próximas etapas envolvendo as quatro empresas estrangeiras selecionadas deve ser o lançamento de nanossatélites, equipamentos de custo, tamanho e peso reduzidos que vêm recebendo bastante atenção nos últimos anos. A capacidade de monitoramento providenciada por este tipo de satélites tem atraído uma indústria específica de aplicativos que podem fazer bom uso desta propriedade, o que faz crescer o potencial de exploração comercial por meio de atividades espaciais.
O interesse no centro de lançamentos brasileiro pelas empresas – consequência do imenso potencial de uso dos satélites atualmente – é tanto que um segundo edital de chamamento público foi divulgado como forma de aprofundar o programa espacial nacional. Agora, o foco será atrair empresas com capacidade de realizar lançamentos de maior porte, seguindo uma progressão lógica que permitirá a exploração mais eficiente dos recursos ofertados em toda a extensão da base de Alcântara.
O atual sucesso das políticas nacionais com relação ao desenvolvimento espacial, e em especial de satélites, do país apenas demonstra a força que a área tem, e o potencial de utilização para as mais variadas tecnologias no presente e no futuro próximo, que deverá ser aproveitado pela humanidade.