A nuvem de todas as nuvens

A indústria de satélites esteve reunida nos dias 14 e 15 de agosto, para o evento anual sobre o setor, Congresso Latinoamericano de Satélites. Um dos debates teve a participação de alguns dos principais players deste mercado. Rodrigo Campos, da Eutelsat; Lincoln Oliveira, da Star One; Márcio Brasil, da Intelsat; Mauro Wajnberg, da Telesat; Jurandir Pitsch, da SES e Clóvis Baptista, da Hispamar, deram sua visão sobre o mercado de satélites hoje no Brasil.

Há várias notícias boas. A primeira delas é que o mercado mantém uma visão otimista e tem encontrado novos modelos para enfrentar esse momento em que o cenário econômico é pouco favorável. A outra é que o mercado de satélites está mudando muito rapidamente – e isso é muito bom para todos. Para os participantes do debate, estamos em momento de transformação do modelo: antes as operadoras construíam e lançavam satélites geoestacionários e disputavam seus nichos de mercado; agora evolui para um modelo em que as operadoras buscam estratégias distintas. O mercado de satélites está mais disputado hoje e existem tanto operadores apostando no modelo GEO de alta capacidade (satélites geoestacionários HTS), como aqueles que apostam num modelo MEO (satélites de média órbita, Medium Earth Orbit) e outros em um modelo LEO (baixa órbita, Low Earth Orbit), além dos modelos híbridos.

As mudanças não se resumem às estratégias de infraestrutura, mas também às estratégias comerciais. Alguns operadores permanecem fiéis ao princípio de operarem em um mercado atacadista e outros estão apostando na verticalização e provendo mais serviços de valor agregado.

A evolução na tecnologia, assim como nos sistemas de lançamento, gerou a possibilidade de uma redução do custo por megabites que está presente em todas as aplicações do satélite no mercado hoje. Esse investimento em redução de custo representará um ponto de inflexão para o setor, segundo os executivos.

O debate também destacou o grande desafio da indústria para o futuro, que será fazer com que o satélite seja mais do que uma tecnologia e se transforme em um hub agnóstico de interconexão e provimento de serviços – a nuvem de todas as nuvens. Neste modelo, o satélite será o grande integrador de todas as redes e operações, deixando de ser uma tecnologia de nicho e passando a ser uma tecnologia transparente, integrada ao ecossistema de telecomunicações disponível em cada região.