“O satélite terá papel chave no 5G”, diz presidente da SIA

SIA

No próximo dia 29 de setembro, o Painel Telebrasil discutirá a chegada do 5G, durante a sessão “O que esperar da sociedade 5G?”. Em debate, os caminhos para a transformação que essa tecnologia já está trazendo para a economia e a sociedade brasileira. Especialistas de diversas áreas estarão reunidos para debater o tema. Entre eles, Tom Stroup, que desde 2014 é o presidente da Satellite Industry AssociationSIA, a associação da indústria de satélites dos Estados Unidos.

Stroup é o principal responsável por assuntos regulatórios, questões de espectro e licenças, além de assuntos ligados à defesa e segurança pública na SIA. O executivo, que já foi CEO da Shared Spectrum Company, líder no desenvolvimento de tecnologias de inteligência de espectro, e presidente da Personal Communication Industry Association (PCIA), por mais de uma década, falou ao Abrasat Notícias sobre o futuro da indústria de satélites, o impacto da Covid-19, consolidações nesse mercado e universalização da banda larga. Acompanhe.

– O futuro da indústria satélite nos EUA e globalmente com a entrada do 5G: competição ou complementação? 

SIA – O satélite vai definitivamente ter um papel chave no 5G. Em alguns casos, seremos parceiros, em outros, competidores de outros players do 5G. Mas o importante é que os satélites estão aptos a prover serviço onde não é rentável para se construir sistemas terrestres. Então, somente os satélites podem oferecer a verdadeira “ubiquidade” em cobertura, e alcançar as partes do planeta que são mal atendidas ou não são sequer atendidas. Graças aos avanços na tecnologia de transmissão, tanto nos satélites GEO quanto nos satélites LEO, e aos menores custos de lançamento e de fabricação, a conectividade baseada em satélite será capaz de oferecer a próxima geração de serviços de banda larga para, literalmente, bilhões de pessoas pelo mundo, especialmente para aqueles que atualmente não estão conectados à internet.

– Impactos da COVID no mercado de satélite a longo prazo 

SIA – Os segmentos de satélite mais impactados negativamente, como mobilidade, marítimo e conectividade a bordo, verão seus negócios se recuperarem conforme a indústria de viagens for se recuperando. O mesmo é verdade para aquelas empresas que fornecem serviços para as indústrias de energia e entretenimento, onde já se observa uma recuperação na demanda por serviços.

Uma coisa que o home office durante a pandemia ensinou para todos é a importância de se estar conectado. A indústria de banda larga continuará a crescer porque as pessoas reconhecem a importância da banda larga e a capacidade do satélite de entregar serviços de alta velocidade a preços razoáveis sem o longo tempo de implementação necessário para a construção de novos sistemas terrestres.

Outro setor da indústria de satélite que viu um aumento de demanda como resultado da Covid-19 é a de sensoriamento remoto. Que deverá ver um aumento contínuo dessa demanda na medida em que se expande o conhecimento das capacidades dos novos sistemas de satélite para sensoriamento remoto.

– Consolidações de mercado: Fusões e Aquisições? As operadoras satélite devem caminhar para tornarem-se prestadoras de serviços?

SIA – Vários operadores de satélites vêm oferecendo diretamente serviços aos consumidores e espera-se que essa tendência aumente. Por exemplo, a Intelsat anunciou recentemente planos de adquirir o provedor de serviços de internet para aviação, GoGo. Por essas iniciativas do passado e do presente, eu prevejo que tanto a tendência de consolidação, como a de operadores se movendo para oferecer gerenciamento de serviços, deverão continuar. Nós deveremos ver também algumas consolidações entre provedores de banda larga via satélite, já que há vários novos entrantes nesse segmento da indústria. Assim como a SES adquiriu a O3b, nós devemos ver outras consolidações nesse segmento da indústria.

– Universalização da Banda Larga. O desafio de reduzir a brecha digital. Serão os LEOs e MEOs a resposta para este desafio?

SIA – Os sistemas que já têm sido implantados estão atendendo as expectativas de qualidade de serviço. Por exemplo, o sistema O3b tem recebido excelentes avaliações. A Iridium vem oferecendo serviços via satélite LEO há anos e recentemente lançou sua nova geração de satélites. O sistema de banda larga LEO que está sendo implementado e com testes iniciais, tem atendido as expectativas de performance. Logo vamos saber a que preços os serviços serão oferecidos, o que, é claro, terá grande impacto na sua demanda. Há muitas novas constelações sendo propostas e, apesar de nem todas provavelmente serem lançadas, aquelas que forem  serão um grande acréscimo para os serviços disponíveis às empresas,  governo e consumidores.