Novos modelos: é preciso verticalizar por meio de parcerias

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A 23ª edição do Congresso Latinoamericano de Satélites apresentou uma entrevista do assessor especial da SES, Ruy Pinto. Durante a conversa, Ruy Pinto analisou o cenário atual do setor de satélites, as transformações nos modelos de negócios, a disrupção tecnológica, a relação governo/empresas privadas, entre outros tópicos. Veja a seguir algumas das reflexões do especialista.

Modelo de negócios: “o modelo clássico de companhias de telecomunicações, de contratação de infraestrutura, não funciona mais. Mas não vai adiantar querer verticalizar todo o processo. Isso demanda muito capital. Agora, é preciso inovar e verticalizar por meio de parcerias. Em um mercado em transformação como o nosso, é preciso ter economia de escala e inovação. ”

A transformação da indústria: “o que transformou a indústria de satélites nos últimos anos foi uma combinação de fatores. A diminuição do custo de lançamento e fabricação dos satélites, novos modelos de negócios, a transformação do mercado de distribuição de TV – que era o principal fluxo de caixa de várias empresas do setor – pela disrupção da internet, a pressão dos clientes cobrando melhorias e o contexto geopolítico. ”

Inovar via startups: “esse é um caminho. Mas sem que a startup seja absorvida, pois isso costuma matar a capacidade que os startups têm de gerar ideias disruptivas, ter flexibilidade e velocidade. Participar como acionista ou como investidor ou, simplesmente, prover tecnologia ou um contrato de compra baseado em risco, são modelos que ajudam startups sem eliminar a sua essência. ”

Soberania das nações: “os maiores blocos e países, como a Comunidade Econômica Europeia, os EUA, China, Índia, estão se movimentando para ter um sistema que garanta um mínimo de soberania e independência na comunicação via satélite. Ter um nível de controle sobre esse tipo de serviço. A meu ver, o Brasil também deveria se posicionar sobre isso. O que quer, como país ou como bloco? ”

D2D: “vai ser uma onda transformadora. Mas ainda vai demorar. Porque precisa de tecnologia, do cliente, da necessidade e precisa de um mercado que suporte isso financeiramente. Além disso, ainda há o debate sobre usar o espectro que pertence às operadoras terrestres ou usar o espectro do satélite, como Banda S e a Banda L. Existem vantagens e desvantagens nos dois modelos. Um deles será mais bem-sucedido. ”

Relação Governo/empresas: “o setor de satélites virou estratégico para o governo. Estratégico quer dizer que o governo tem que regulamentar e co-investir. O modelo de concessão que a Europa está tentando é um exemplo em que se divide o risco entre o setor privado e o setor público. O governo, como as empresas, tem que inovar por parcerias.