Satélites de comunicação para uso militar: conectividade segura e global

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A indústria global de satélites está passando por um aumento significativo nos gastos militares e no foco estratégico, impulsionado especialmente pela necessidade de comunicações via satélite (SATCOM) resilientes e onipresentes em ambientes contestados. Governos estão investindo fortemente em capacidades espaciais, motivados pelas lições aprendidas em conflitos recentes. Essa tendência está levando a um cenário em que nações correm para garantir redes SATCOM robustas.

Segundo pesquisa da Verified Market Research, o mercado global de SATCOM para uso militar e governamental foi estimado em US $49,91 bilhões em 2024 e deve alcançar US $63,88 bilhões até 2032. As estimativas variam conforme a fonte, mas os valores convergem para uma indústria bilionária em constante crescimento, impulsionada por tecnologias como LEO, HTS, laser e maior demanda por comunicações encodificadas e resilientes.

As aplicações militares

Os satélites de comunicação em aplicações militares são essenciais para o comando, controle e coordenação de forças armadas modernas. Esses artefatos permitem operações globais, seguras e em tempo real, e formam a espinha dorsal das comunicações estratégicas e táticas, conectando desde centros de comando até tropas em campo, navios, aeronaves e veículos não tripulados. As aplicações envolvem transmissão de dados e inteligência, comunicação entre plataformas e suporte a missões humanitárias e de paz.

O objetivo central da comunicação via satélite militar é conectividade segura e global. Para isso, os satélites de comunicação fornecem ligações criptografadas entre unidades militares dispersas. Permitem comunicações mesmo em áreas remotas ou em conflito, onde infraestruturas terrestres são inexistentes ou destruídas. E são vitais para garantir superioridade da informação e resposta rápida a ameaças.

As bandas e órbitas para aplicações militares

As bandas utilizadas pelas forças armadas são escolhidas conforme a aplicação e o nível de segurança necessário. A Banda X, por exemplo, que é robusta, resiliente e pouco congestionada, é de uso tradicional militar devido à sua baixa susceptibilidade a interferências e boa penetração atmosférica, mesmo em condições adversas. A Banda K, com maior capacidade, oferece maior largura de banda que a X, permitindo transmissão de vídeos, dados ISR (Intelligence, Surveillance, Reconnaissance) e suporte a redes táticas. A Banda L é útil para comunicação tática em áreas densas (selvas, áreas urbanas), é usada principalmente em comunicações móveis e navegação (GPS), transmissão de voz/dados entre soldados, link de dados de drones, comunicações de backup. A Ultra High Frequency (UHF) ainda é utilizada para rádios táticos e equipamentos portáteis.

Em relação às órbitas, as aplicações militares podem utilizar desde a órbita GEO, para comunicação estratégica, na medida em que essa órbita permite cobertura ampla, ideal para bases fixas e navios, mas também as órbitas MEO e LEO. A primeira para navegação (como o GPS militar), por permitir maior cobertura que a órbita LEO e menor latência que a GEO. A órbita LEO é usada para comunicação tática. Por apresentar baixa latência é ideal para unidades móveis, comunicação entre tropas, UAVs (drones), forças navais e terrestres, especialmente em áreas sem infraestrutura.

Aplicações Marítimas e Aeronáuticas

Satélites também são essenciais para a comunicação entre embarcações militares, submarinos em superfície e bases navais. Usados para vigilância oceânica, rastreamento de navios e mísseis lançados de submarinos. Esse tipo de comunicação utiliza satélites GEO nas bandas Banda X e Banda Ka para coordenação de operações navais, envio de ordens, inteligência e dados de sensores. A Banda L pode ser usada em condições adversas (clima severo no mar).

Nas aplicações aeronáuticas, os satélites permitem comunicações seguras e contínuas com aeronaves militares, mesmo em altitudes elevadas ou em voos intercontinentais. As Bandas Ka e L são as mais usadas e as aplicações incluem controle de bombardeiros e aviões de vigilância (AWACS), troca de dados entre caças em missão conjunta, missões de ISR (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance).

Os drones militares (UAVs – veículos aéreos não tripulados), especialmente os de médio e grande porte, também utilizam satélites. Seja para comando e controle a longas distâncias, transmissão de vídeo ao vivo e dados de sensores para centros de comando. A Banda Ka militar é comumente usada, assim como a Banda X e a Banda Ku. Para drones táticos menores, podem ser usados links via LEO, com menor atraso e antenas mais leves.

Os satélites de comunicação são, em resumo, instrumentos críticos para as operações militares modernas. Eles garantem a conectividade necessária para a superioridade operacional em um cenário cada vez mais tecnológico, veloz e interligado. Diante de ameaças globais e da transformação do espaço em um ambiente estratégico de defesa, os investimentos em infraestrutura satelital militar só tendem a crescer.

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