Internet das Coisas (IoT) via satélite refere-se ao uso de satélites para transmitir dados entre dispositivos conectados (sensores, máquinas, veículos etc.) e servidores ou sistemas de controle. Trata-se de um mercado que está em plena expansão e representa um segmento estratégico da conectividade global.
Segundo o relatório “Mercado global de serviços de IoT por satélite 2024-2030”, da Juniper Research, que oferece uma avaliação abrangente do mercado de IoT por satélite, esse crescimento é atribuído principalmente à crescente necessidade de conectividade em locais e áreas remotas que não podem ser facilmente atendidas por redes terrestres tradicionais.
Setores como mineração, agricultura, petróleo e gás, transporte marítimo, logística, defesa, monitoramento ambiental e infraestrutura crítica são potenciais usuários dessa tecnologia. Especialmente os setores governamental e de defesa, que, segundo o estudo, gerarão a maior parte da receita global com IoT via satélite até 2030, respondendo por mais de 20% da receita.
Ainda segundo outro relatório, o “Satellite IoT Ecosystem and Market Overview, 2023”, da empresa de pesquisas e análises Counterpoint, o número de conexões IoT via satélite deve crescer de 3,6 milhões em 2020 para 41 milhões até 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 28%.
Além da demanda por conectividade em localizações remotas, outros fatores que embasam essa projeção são o crescimento de dispositivos IoT e a redução de custos com lançamentos de satélites pequenos (nanosatélites e CubeSats), muito usados nessa área por serem baratos de construir e lançar, permitirem redes mais densas e oferecerem cobertura global.
Como funciona o IoT via satélite
O IoT via satélite funciona conectando dispositivos de IoT diretamente a satélites em órbita para transmitir dados, sem depender de infraestrutura terrestre como torres de celular ou fibra óptica. O dispositivo IoT com módulo satelital (sensor, rastreador, medidor etc.) possui um modem ou transceptor compatível com comunicações via satélite, geralmente usando bandas L, S, Ku ou Ka.
Os dados coletados pelo dispositivo são enviados diretamente a um satélite que esteja sobrevoando ou cobrindo uma determinada área. O satélite recebe o sinal e o encaminha para uma estação terrestre (gateway) ou diretamente para outro satélite até alcançar uma estação que tenha conexão com a internet terrestre. A estação terrestre envia os dados à nuvem ou a um servidor final onde podem ser processados, armazenados e visualizados pelo usuário.
LEO, MEO ou GEO
Tanto satélites LEO como satélites GEO são usados no IoT via satélite. Os satélites GEO têm seu uso consolidado, especialmente por empresas de telecomunicações e operadoras de satélite estabelecidas. São mais comuns em aplicações de backhaul (infraestrutura para conexão de redes locais remotas) do que diretamente em sensores IoT e, preferencialmente, onde a latência não é um elemento crítico e a resiliência da cobertura é importante (ex: agricultura, monitoramento ambiental, infraestrutura crítica). Requerem menor densidade de dispositivos por km² devido à limitação de largura de banda e latência.
Os satélites LEO, por outro lado, estão se tornando mais populares para IoT massivo, ou seja, muitas conexões simultâneas com baixo volume de dados por dispositivo. Eles oferecem baixa latência, por isso são adequados para aplicações mais dinâmicas ou que exijam respostas rápidas. São mais eficientes para comunicação com sensores de baixa potência, com terminais menores e mais baratos.
Algumas empresas estão explorando modelos híbridos para combinar as vantagens de cada arquitetura. O futuro aponta para uma abordagem integrada, em que GEO, LEO e eventualmente MEO (órbita média) são usados conforme a necessidade da aplicação.