Veículos lançadores: como eles estão revolucionando a indústria de satélites

Lançadores

Nos últimos anos, a evolução dos lançadores de satélites tem sido marcada por inovações tecnológicas significativas. Esse fato tem gerado um impacto profundo e multifacetado na indústria de satélites, transformando não apenas a forma como os satélites são lançados, mas também como são projetados, fabricados e utilizados.

A indústria de lançadores é um setor tecnológico complexo e de grande importância estratégica, que envolve o desenvolvimento, fabricação e lançamento de veículos espaciais e satélites para uma ampla gama de finalidades. Essa indústria desempenha um papel essencial na exploração espacial, comunicação global, monitoramento ambiental, segurança e defesa, e até mesmo em setores comerciais como serviços de navegação e internet via satélite.

Uma das maiores inovações no setor foi a introdução de lançadores reutilizáveis. Isso ajudou a reduzir drasticamente os custos de lançamento de satélites. A reutilização de estágios de foguetes (como o estágio central) não apenas reduz os custos, mas também acelera os cronogramas de lançamento.

O Falcon 9, da SpaceX, lançado pela primeira vez em 2010, é parcialmente reutilizável, com o primeiro estágio capaz de reentrar na atmosfera e pousar verticalmente após se separar do segundo estágio. Este feito foi realizado com sucesso pela primeira vez em dezembro de 2015, e adotado comercialmente a partir de março de 2017. Desde então a SpaceX recuperou o primeiro estágio com sucesso 409 vezes em 421 lançamentos.

Em seguida, o Falcon Heavy, lançado em 2018, permitiu enviar cargas pesadas para órbitas mais distantes, incluindo missões interplanetárias. Outro exemplo é a Starship, uma espaçonave e foguete espacial desenvolvido pela SpaceX, financiada pela iniciativa privada e composta por veículo de lançamento (Super Heavy Booster) e espaçonave (Starship) completamente reutilizáveis. A Blue Origin, desenvolveu o foguete New Shepard. A empresa também está trabalhando no New Glenn, um foguete orbital reutilizável.

Como o custo de lançamento é um dos investimentos mais significativos na colocação de um satélite ou de uma constelação em órbita, isso permite que mais empresas e países tenham acesso ao espaço, facilitando o desenvolvimento de novas constelações de satélites e projetos espaciais. Além disso, o aumento de atores nesse setor, aumenta a competição entre empresas privadas o que também leva à redução dos preços de lançamento.

Foguetes menores e mais baratos, mas também mais potentes

Outra inovação importante nessa indústria foi o surgimento de foguetes de pequeno porte ou “small-lift rockets”. Essa tendência é impulsionada pela necessidade crescente de lançar satélites menores para constelações de satélites, em que múltiplos satélites de pequeno porte são lançados em um único voo para formar redes de comunicação.

O mercado de lançamentos para pequenos artefatos tem se expandido rapidamente, com empresas como Virgin Orbit e Astra apostando em foguetes menores e mais acessíveis para colocar pequenos satélites em órbita. Empresas como a Rocket Lab e a Relativity Space também estão criando foguetes para atender a essa demanda, e a tendência é de crescimento desse tipo de lançadores neste segmento.

Com o aumento da oferta de foguetes de pequeno porte e lançadores dedicados a satélites menores, a indústria de satélites tem visto um aumento no número de satélites miniaturizados e de baixo custo. Esses satélites, chamados de CubeSats e SmallSats, são mais acessíveis tanto em termos de desenvolvimento quanto de lançamento, o que abre novas oportunidades para empresas e organizações menores.

Os pequenos satélites estão sendo usados em diversas áreas, como comunicação, observação da Terra, pesquisa científica, monitoramento ambiental e Internet das Coisas (IoT), tornando o mercado de satélites mais diversificado e dinâmico. Eles são ideais para missões mais rápidas e flexíveis, como a observação da Terra em tempo real e o monitoramento de grandes áreas, com custos bem mais baixos que os satélites tradicionais.

Por outro lado, também houve avanços em foguetes maiores e mais potentes. O Space Launch System (SLS) da NASA, um foguete destinado a missões espaciais mais complexas, como a exploração de Marte e a Lua, está em desenvolvimento e promete uma capacidade de carga ainda maior. Esse foguete é projetado para ser um dos mais potentes do mundo.

Tecnologia de propulsão avançada

A melhoria na tecnologia de propulsão também tem sido uma área chave de evolução. O uso de motores de foguetes movidos a metano e oxigênio líquido oferece melhor eficiência e reutilização do que os sistemas tradicionais. Além disso, o uso de propulsores elétricos, como motores iônicos, tem sido explorado para missões de satélites em órbita, oferecendo uma solução mais eficiente para manobras orbitais. O Raptor, da SpaceX, é um motor de foguete de combustível líquido que usa uma mistura criogênica de metano líquido e oxigênio líquido.

Maior competição e inovação

Com o número crescente de empresas e países que agora têm acesso ao espaço, a indústria de satélites está mais competitiva. Isso impulsiona a inovação em todos os aspectos do ciclo de vida de um satélite, desde a fabricação até a manutenção e a gestão. Além disso, mais empresas começam a atuar no setor de serviços espaciais, como o fornecimento de dados para agricultura de precisão, monitoramento climático e segurança. Toda essa revolução está abrindo novas possibilidades não apenas para empresas de tecnologia, mas também para governos e startups que desejam aproveitar o espaço para diversas aplicações.