Conectividade: como o satélite pode colaborar para a expansão do agronegócio

Automação, robótica, Big Data e Internet das Coisas, são pilares para a chamada Agricultura 4.0, que se caracteriza pela conectividade e o que ela proporciona, como controle de desempenho do campo, máquinas e equipamentos com sensores e capacidade para geração e análise de dados em tempo real. A agricultura digital já é uma realidade no Brasil, mas devido à extensão do território brasileiro e à diversidade de condições, cada região do país vive um estágio diferente em relação ao avanço desse tipo de agricultura.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de pessoas que diz não ter acesso à internet na cidade é de 1%, enquanto no campo esse número é de quase 21%. Para o Ministério da Agricultura, a ausência de conectividade é um dos graves problemas para o desenvolvimento da agricultura 4.0 em todo o seu potencial no país e um limitador da expansão e modernização do agronegócio.

Segundo dados do Ministério, com um investimento relativamente baixo, é possível ampliar de forma significativa a cobertura rural no Brasil. Durante o Congresso Latinoamericano de Satélites, realizado no final de setembro, Luis Cláudio França, diretor de conectividade do Ministério da Agricultura, citou pesquisa sobre conectividade no campo, realizada pela Esalq (Escola de Agricultura da Universidade de São Paulo), que mostra que um aumento de 25% nas estações de Rádio Base rurais poderia ampliar a conectividade no campo em 107 milhões de hectares, considerando torres com raio de alcance de 15 km a 30 km. De acordo com a pesquisa, o Brasil tem hoje pouco mais de 9 mil torres em áreas rurais (cerca de 10% do total), sendo que seriam necessárias pelos menos o dobro (20 mil torres) para atender completamente as áreas produtivas.

Satélites de alta capacidade e internet rápida para todos os cantos do país

França diz que um dos grandes desafios é assegurar infraestrutura para conectar estas torres. Para ele, este é um papel que pode ser ocupado pelo mercado de satélites. Como mostrado no painel do Congresso, a internet e a telefonia celular se beneficiaram nos últimos anos, do desenvolvimento de novos satélites de alta capacidade que não enfrentam as mesmas barreiras de investimento e custosa infraestrutura das alternativas terrestres, entregando conectividade diretamente ou via celular 4G/5G em pequenas comunidades rurais em poucos dias. Os satélites podem oferecer internet rápida e acessível, alcançando todos os cantos do país.

“Mas não é só conectividade. O setor agro no Brasil tem imensa necessidade de aplicações de imagem por satélite, por exemplo, e aí existe uma grande oportunidade de parcerias”, acrescentou França. As imagens de satélite aplicadas ao agronegócio permitem identificar e acompanhar a evolução de diferentes índices que influenciam a produtividade das lavouras, sendo uma das tecnologias mais usadas os mapas NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) que permitem a representação e análise da condição da vegetação de uma determinada área ou região sem necessidade do contato direto com ela. Outra aplicação das imagens é a elaboração de mapas de fertilidade e definição de zonas de manejo.

O Ministério da Agricultura divulgará brevemente os resultados completos da pesquisa sobre conectividade no campo.

Veja vídeo sobre banda larga via satélite: https://youtu.be/pEwTnqs4X-g